Mais-Valia

por Gil Cardoso

06/05/2019

 

Ofereço uma explicação simples para você ferrar com a vida do seu professor de história.

 

Mais-valia é um conceito tão bobo que o próprio Marx não queria que sua obra fosse lançada por medo que todos fizessem chacota dele. Uma criança de dez anos que tenha um álbum de figurinha consegue entender que a mais valia é uma fraude. Vamos nos ater nessa analogia.

 

Quando o garoto começa o álbum todas as figurinhas têm o mesmo valor. O valor atribuído pela editora tende a ser o mesmo da percepção do consumidor, caso contrário as figurinhas não venderão. Entretanto na medida que o colecionador tenha muitas repetidas e poucas para completar o álbum o valor das faltantes irá subir. Enquanto ele trocava uma figurinha por outra no início, no final ele pode entregar de bom grado seu bolo inteiro de repetidas por apenas uma única figurinha. Por que ele faz isso? Porque a mais-valia não existe.

 

O conceito de valor depende intrinsecamente da oferta e procura e da percepção que o consumidor tem do produto. Da mesma forma pode-se atribuir o valor da mão-de-obra. Oferta e procura e a percepção que o contratante tem de quem está vendendo sua força de trabalho. Isso explica porque um funkeiro pode agora estar andando de Land Rover e você de ônibus. Isso explica porque as pessoas podem estar dispostas a pagar sete mil Reais em um telefone e apenas mil e quinhentos em um computador. Isso explica porque o chumbo não vale mais que ouro.

 

Já a mais-valia não explica nada. Porque ela é um conceito equivocado baseado em uma premissa falaciosa. Isso explica porque talvez você não pague quinhentos Reais em um médico, mas ache absolutamente normal pagar em um ingresso de um festival.

 

Em média, um empresário não tem nenhum valor moral diferente que um operário possa ter. Pensar diferente disso é ser simplório e maniqueísta. Todos nós valorizamos produtos e serviços sempre da mesma forma. Oferta, procura e percepção de valor.