COLUNISTA
Talita Sampaio
Brasileira, designer, jornalista e militante por um Brasil direito.
O SONHO DE TALITA
Novos Agrotóxicos
por Talita Sampaio
03/08/2019
Como toda pessoa normal, também fiquei preocupada quando li a notícia sobre a liberação de 42 novos agrotóxicos porém, diferente de uma boa parte das pessoas, preferi procurar saber mais sobre o assunto antes de sair gritando por aí que vamos todos morrer envenenados.
Minha vidinha anda meio corrida nos últimos dias, então, sem tempo para ler sobre o assunto, me mantive quieta por vários dias. Só que minha cabeça 100% feminina, daquelas típicas que não para de pensar nunca, um dia enquanto escovava os dentes, se deu conta que liberar 42 novos agrotóxicos não é a mesma coisa que aumentar a quantidade de agrotóxico permitida no plantio das lavouras. Se as plantações são diferentes, se os solos são diferentes, se o clima no nosso pais continental são bastante diferentes, certamente as pragas são também diferentes. Concluí então que ter mais 42 tipos de agrotóxicos pode ser uma forma de especialização, que possivelmente pode gerar até uma diminuição do uso já que vai combater apenas o que está afetando a lavoura.
“Palpiteiramente” comparando é mais ou menos como na medicina, onde existem remédios específicos pra cada doença.
Certa vez, durante o réveillon, meu pai teve um edema pulmonar e por sorte chegou a tempo no hospital. Dias depois ele adquiriu uma infecção hospitalar, que se tornou generalizada. Os médicos tentaram vários antibióticos e nenhum fazia efeito, até que um médico amigo da família disse que iria tentar uma última alternativa, um antibiótico ainda mais poderoso. Depois de quinze dias internado já quase sem chance de sobreviver, ele levantou da cama como se nada tivesse acontecido. Viveu, enfim. Agora imaginem se após a descoberta do primeiro antibiótico os laboratórios parassem de pesquisar e de evoluir com o medicamento. Teríamos um só tipo de antibiótico, e meu pais teria partido muito antes do que foi.
A ciência está em constante evolução e é para isso que temos pesquisadores, mestres, doutores. Produzimos computadores cada vez mais rápidos, foguetes, carros, tênis de corrida cheios de tecnologia, ce-lu-la-res! Percebam a evolução dos celulares, é fantástico.
Então, cientistas passam anos pesquisando e criam agrotóxicos melhores e mais eficientes para aumentar a produtividade nas nossas lavouras, e sem ter parado para pensar em nada disso as pessoas começam a criticar, como se agora os agricultores fossem pegar os 290 tipos aprovados e fossem colocar tudo na mesma maçã.
Até então, essa era apenas a minha teoria de “palpiteira” sem nenhum fundamento científico ou leitura a respeito, somente uma formulação de pensamento buscando coerência dentro da minha própria experiência pessoal de vida. Então hoje acabei assistindo a um vídeo bastante interessante sobre o assunto que me deixou perplexa sobre como a informação vem sendo manipulada com o objetivo de apavorar as pessoas. A mídia divulga um gráfico que mostra o Brasil como o maior consumidor de agrotóxico do planeta. Essa informação por si só já me pareceu meio falha, pois é só ter o mínimo de noção de geografia para saber que o Brasil é enorme, quinto maior pais do mundo e o que mais tem terra cultivável. Daí seguimos para o segundo gráfico, aquela que a mídia não mostra, que diz que comparando a área cultivada pelo uso do agrotóxico, o Brasil está bem atrás do Japão, Coréia do Sul, Alemanha, França, Itália e Reino Unido. Junta-se a essa informação o fato de que nesses países, eles têm apenas uma safra por ano (eles lá tem invernos rigorosos), enquanto o Brasil tem duas e as vezes três safras por ano graças ao nosso clima privilegiado. Ou seja, devemos pegar esse número de litros usado por nós aqui e dividir por dois ou três.
Depois de assistir a esse vídeo comecei a me sentir como uma idiota. Ano passado mesmo, ao entrar num supermercado no Canadá, chamei minha tia para tirar fotos junto aos lindos e enormes morangos, alfaces, cenouras. Era tudo tão lindo, tão perfeito. Já fiz isso também na Alemanha e qual Brasileiro não se encanta com os hortifuti dos países ditos desenvolvidos. Como somos ingênuos... Tudo aquilo que nos enche os olhos de tão perfeitos e grandes, certamente é pura tecnologia, e/ou fertilizante, e/ou modificação genética e/ou AGROTÓXICOS. Adoramos viajar e comer todas aquelas maravilhas sem pensar em nada disso. Já por aqui, vamos ao supermercado exercitando nossos olhos de águia para só escolher as maçãs da Branca de Neve, deixando aquelas com leves bicadinhos irem para o lixo sem a menor pena pois não aceitamos nada menos que a perfeição. E quem disse que a natureza é perfeita? Não, não é. Na natureza temos minhocas, larvas, formigas e sei lá mais o que e, se não for pela intervenção dos cientistas, seria impossível levar maçâs da Branca de Neve para a mesa de todos nós.
Pois bem, já estava me dando por satisfeita ao compartilhar o link do tal vídeo explicativo e de fazer e divulgar prints dos gráficos. Aí, sem querer, deixei a televisão ligada na Globo, coisa que já não faço a bastante tempo (tirando o The Voice, que adoro, mas assisto pela internet), quando começou o Zorra, e já no primeiro quadro eles apresentaram uma sátira maldosa, ridícula exatamente sobre esse assunto: Sítio do Pica-pau sequelado pelo uso de agrotóxico. Aí me deu essa vontade louca de sentar e escrever sobre o assunto, apenas para deixar uma pergunta: quem tem interesse em plantar esse pânico na cabeça das pessoas. Para que? Por que? É o Marcius Melhem quem escreve essas coisas? Será que ele nunca comeu morango nos EUA ou na Alemanha? Será que ele não pensa que causar um pânico baseado numa mentira prejudica o desenvolvimento do pais onde ele mora e onde ganha dinheiro?
Meus amigos, vou dizer uma coisa, o Brasil não é mais o pais do futuro, é o pais de agora. É agora que vamos nos desenvolver e virar potência, queira a Globo, ou não.
Link do vídeo que fala sobre a realidade da nossa produção agrícola:
Link do vídeo bizarro do Zorra:
https://globoplay.globo.com/v/7817303/programa/
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