COLUNISTA
Vanessa Pio
Administradora de profissão, Mariana por devoção e do lar de coração
UM OLHAR ATENTO
Aprenda a Ler o Ambiente
por Vanessa Pio
06/05/2019
Uma poderosa agenda de controle cognitivo e comportamental avança sobre as mentes infantis em todo mundo. Desdobramento primeiro do feminismo e integrante do movimento LGBT, a agenda transgênero progride em escala global e sua evolução difere de país a país. Alguns estão na fase de sensibilização da opinião pública, outros discutindo projetos de leis anti-discriminação que adiante comporão o aparato jurídico-legal sob o qual se justificará a interferência e usurpação do direito parental, se reclassificará a liberdade de expressão e de culto como crime de ódio ao mesmo tempo em que protege o ativismo militante, enquanto que outros já contam com todo um aparato de saúde pública implementado oferecendo atendimento psicológico, psiquiátrico, endocrinológico e cirúrgico a partir dos quatro anos de idade para pacientes ‘diagnosticados’ com disforia de gênero.
Nos países de primeiro mundo, verifica-se que os esforços para atingir um público bastante indefeso intensificaram-se e chegaram a primeira infância, justamente na fase em que os pequenos passam por processos de desenvolvimento significativos.
Há três anos venho acompanhando a progressão da agenda no exterior, para aprender a identificar padrões, métodos, ações, agentes, motivações e recompensas. Antes, afirmo que há registros de transgenderismo e travestismo na humanidade desde a antiguidade, ou seja, é um evento da natureza, sem entrar em discussões morais e religiosas. O que chamo de agenda, difere completamente dessas ocorrências naturais ao longo de milênios. A agenda aplica um conjunto de estímulos desenvolvidos por laboratórios de controle cognitivo numa determinada sociedade, permanece estudando esses estímulos e avaliando o comportamento de indivíduos e grupos nos graus mínimos e máximos, suas interações, dinâmicas e efeitos adversos, promovendo ajustes quando necessários. A civilização ocidental faz parte desse grande experimento há pelo menos um século.
No século XXI essa agenda acelerou de maneira incomum. Partamos de 2015, ano em que a ONU:
• Realizou conferência em setembro com a presença dos líderes mundiais para traçar um plano de erradicação da pobreza, proteção do planeta com a garantia de paz e prosperidade, que recebeu o nome de Agenda 2030.
• Realizou convenção das Nações Unidas sobre mudança do clima que resultou, em dezembro, na assinatura do Acordo de Paris.
Como entidade maior na interferência das soberanias nacionais, a ONU utiliza-se desses pactos, acordos e seus grupos de trabalho para estabelecer parâmetros e metas a serem seguidos pelos países membro, valendo-se para isso da transversalidade de temas. Um acordo que estabelece uma série de medidas para combater a supostas mudanças climáticas decorrentes da interferência humana na natureza, terá de cumpri-las atendendo requisitos nas áreas de direitos humanos, saúde, direitos dos povos indígenas, comunidades locais, migrantes, crianças, pessoas com deficiência, em situação de vulnerabilidade, igualdade de gênero, empoderamento das mulheres e igualdade intergeracional. O clima é a justificativa para atravessar temas de interesse em diversas áreas da sociedade. Do clima aos direitos humanos, rapidamente se chega aos direitos LGBT.
Essa breve introdução será aprofundada em outros artigos.
Por ora e partindo de um caso concreto, apresentarei em linhas gerais os métodos empregados pelos agentes a serviço da agenda trans, utilizando trechos de uma entrevista publicada no site americano Daily Signal em 30 de abril de 2019 com Maria Keffler da Virgínia, EUA, ex-professora e mãe de três crianças que acidentalmente descobriu as novas políticas LGBT que o distrito escolar ao qual pertence a escola que seus filhos frequentam estava considerando instituir.
Kate Trinko [jornalista]: Recentemente, no Washington Post, você escreveu uma carta aberta sobre como ativistas transgênero estão tentando mudar o currículo ensinado aos estudantes da escola primária na região norte da Virgínia. Como você tomou conhecimento de que isso estava acontecendo e o que a motivou a agir?
Maria Keffler: Uma amiga estava dando uma olhada no site das escolas públicas de Arlington, procurando por alguma informação sobre curso de férias, e ela encontrou por acaso um link para uma reunião sobre política estudantil transgênero, não conformidade de gênero que aconteceria naquela noite. Ela me ligou e disse ‘Ei, eu vi isso. Eu não sei o que é. Quer vir comigo ?’ Fomos naquela noite.
Era uma reunião de trabalho da direção da escola onde havia um grupo de interesse com membros da comunidade sentados ao redor de uma mesa discutindo o que deveria envolver essa política. Nós não fomos autorizadas a falar ou contribuir. Éramos apenas observadoras não participativas porque não fazíamos parte da agenda.
O formato da reunião é uma dinâmica de grupo, onde somente os participantes pareados, isto é, aqueles que concordam e discordam dos mesmos pontos, portanto estão alinhados, podem se manifestar. A participação de pessoas fora desse grupo é permitida, desde que não se manifestem, de modo que a aparência democrática e participativa se mantenha e que o controle sobre o transcurso do debate não se desvie para abordagens discordantes, comprometendo os objetivos do grupo.
Ficamos realmente chocadas com o que ouvimos. Havia muitas pessoas da AGIA – Arlington Gender Identity Allies, ao redor da mesa, que é um grupo local que está trabalhando para implementar políticas supostamente anti-discriminação para estudantes transgênero.
Para atuar na comunidade, recorre-se a uma ONG local, que conheça o ambiente e tenha capacidade de articular-se utilizando para tal uma justificativa nobre para sensibilizar e tornar possível sua atuação, valendo-se de temas universalmente aceitos, como ser contra o sofrimento, a segregação, a opressão e a discriminação.
Uma das coisas que ouvimos ali e que mais nos perturbou foi a sensação, ou a idéia de que os pais são uma ameaça, e essas crianças precisam ser protegidas e escondidas de seus pais. Se as crianças se revelam gays ou transgênero e não querem que seus pais saibam, elas precisam de ajuda para manter isso escondido dos pais.
Sutilmente, apoiados na presunção de que os pais são preconceituosos, transfere-se ao professor ou a escola o direito de assistir a criança ignorando o direito parental.
Trinko: Eles disseram quais idades? Poderia, teoricamente, uma criança de 5 anos dizer-lhes sentir-se do gênero oposto e a escola esconderia isso dos pais?
Keffler: Sim, se a criança não quiser que os pais saibam. Essas políticas estão para ser aplicadas da educação infantil a escola primária no sistema público escolar de Arlington. Uma diretora que estava na reunião, uma diretora de escola primária, disse que os diretores de escola primária estão trabalhando duro para conseguir materiais para colocar nas bibliotecas e nas salas de aula.
Isto é, começando com crianças muito pequenas, utilizando o material pedagógico e recursos lúdicos, ferramentas mais eficientes na transmissão do conhecimento, sensibilização e quebra de estereótipos nessa faixa etária. Os diretores e professores tornam-se agentes diretos na promoção da agenda, cooptados pelas ONG’s. Há casos abundantes nos EUA e na Inglaterra de que drag queens vão a escolas de ensino infantil e bibliotecas contar histórias, com anuência de professores e diretores e muitas vezes sem comunicação prévia à família. Inclusive, denúncias de que alguns criminosos sexuais fizeram esse trabalho de contar histórias.
Sei que o tópico do transgenderismo apareceu na aula da minha filha. Ela está na quinta série. Foi a única na sala, incluindo a professora, que expressou preocupações. Ela disse que todos não concordaram com ela.
Para não serem rotulados de homofóbicos, preconceituosos e intolerantes pela própria professora e pelos demais colegas, os alunos reagem contra quem discorda, às vezes ignorando valores aprendidos em sua própria família. É a pressão dos pares.
Daniel Davies: Você mencionou o currículo e o material. Que tipo de coisas estão sendo ensinadas?
Keffler: Em 28 de fevereiro, apenas três dias após a essa reunião que fui, a escola elementar Ashland convidou uma ativista transgênero. Eles fizeram a leitura do livro “I Am Jazz” , que é um livro de história transgênero. É voltado para crianças a partir de 4 anos, sobre um menino que fez a transição para se tornar uma menina, médica e cirurgicamente.
As crianças recebem de um especialista (o ativista), cuja autoridade e confiança foi a ele transferida pelos professores, que seus pais costumam confiar, de que podem mudar de sexo. Aos quatro anos de idade, crianças não têm maturidade para lidar com essas questões e introduzidas nesse universo, passam a se questionar de que sexo são, se são mesmo meninos ou meninas, perguntas que até então não faziam. É a quebra de paradigmas.
O ativista leu a história para duas salas do jardim de infância. Os pais foram avisados por carta que chegou às residências poucos dias antes do evento. Era muito longa, de tipo comemorativa e enganosa, que apenas dizia “Temos esse grande evento, essa grande experiência para seus filhos. Ficamos tão animados com a presença especial desses palestrantes”. A palavra transgênero apareceu na carta uma vez, escondida no meio do parágrafo central.
Propositalmente os pais não foram avisados com antecedência, nem com a devida clareza que o tema exige para evitar a ausência das crianças no dia do evento e o protesto da comunidade que poderia inviabilizá-lo.
Na reunião em que fui em 25 de fevereiro, três dias antes, um dos pais da AGIA ao redor da mesa tinha dito, “Vamos fazer a leitura de I Am Jazz acontecer”. Foi planejado e feito.
Um grupo de pais, formado por aqueles previamente sensibilizados, é cooptado, treinado e inserido nos ambientes alvo para infiltrar a ONG na escola e agir como se fossem representantes e porta vozes da totalidade dos pais, que como vimos mais acima na entrevista, nem sempre sabem o que está acontecendo.
Davis: Em seu artigo no Washington Post, você também escreveu que a Califórnia e o norte da Virgínia estão servindo como laboratórios para estes tipos de políticas. Como isso funciona?
[...]
Keffler: [a ONG] GLSEN – Gay, Lesbian and Straight Education Network redigiu um modelo de política distrital. Isso é o que eles gostariam de ver em cada sistema escolar nos EUA.
As ONG’s com atuação estadual e/ou nacional têm estrutura, profissionais capacitados, capilaridade, inclusive assessoria jurídica, para auxiliar seus parceiros locais, redigindo modelos de currículo para educação sexual abrangente, anti-bullying e até projetos de lei.
Trinko: Você tem falado com outros pais sobre isso? Sei que você mencionou ter ido a uma reunião inicial com outra mãe. Há preocupação entre os pais, ou a maioria deles não se importa?
Keffler: Há muita preocupação. A maioria dos pais não tem idéia que isso está acontecendo. Formamos a Arlington Parent Coalition. Está crescendo. É um grupo em crescimento de pais. Eu diria que temos entre 80 e 100 pessoas envolvidas agora mesmo que estão nos ligando, nos escrevendo, dizendo: “O que posso fazer? O que está se passando? O que está acontecendo?”
Tivemos muita dificuldade em obter informações do sistema escolar sobre isso. Tivemos de encaminhar um pedido formal antes de finalmente pudéssemos ver a política, a qual três dias antes do atendimento daquela solicitação, me disseram que sequer estava escrita. Mas estava. [...] Está sendo feito bem sub-repticiamente. Estão tentando finalizar isso até junho e implementar no ano escolar 2019-2020.
Até que o programa esteja implementado, os debates, a comunicação e a circulação de informações ocorrem de forma discreta, de modo que a implementação se consume cumprindo os preceitos legais.
Davis: Diga-nos a respeito do papel dessas grandes organizações nacionais, como a Human Rights Campaign. São grupos muito bem financiados. Que tipo de papel estão desempenhando para tentar levar toda essa coisa ao nível local?
Keffler: É uma operação estratégica e nacional. Elas escreveram essas políticas em nível nacional. O volume de material por aí é desconcertante. [...] Elas têm prontos materiais curriculares para os professores baixarem. [...] Estão indo às escolas e perguntando aos professores, “Ei, posso colocar um adesivo local seguro na sua sala, é um local seguro para crianças homossexuais?”. O que o professor vai dizer disso? Você vê esses adesivos em todo lugar. Cartazes, aplicativos, boneco de gênero , o unicórnio de gênero, todo esse material que criaram para tornar muito fácil impulsionar no sistema escolar.
Usam táticas muito sutis de manipulação psicológica para eliciar professores. Perguntar se o ambiente é seguro e adiante oferecer um adesivo como prova, automaticamente quebra a resistência do professor em recusar a submissão. Oferecer material já pronto, padronizado, para ser trabalhado nas aulas gratuitamente e estimular o uso através de conversas com ativistas que abordam os professores, é outra tática que reduz a resistência. Aquele que não adere, é rapidamente malvisto pelos demais. A uniformidade nos materiais utilizados cria a sensação de que é algo normal, comum e aceito.
O genderspectrum.org na verdade tem, parece com um mapa de guerra, que chamam de “pontos de entrada”. Há, em teoria, quatro pontos de entrada para introduzir a teoria transgênero nas escolas. Interpessoal, instrucional, institucional e há um quarto que não consigo me lembrar.
Existe um método para que a agenda entre nas escolas. Antes da ONG formalmente se apresentar através de um ativista, o terreno já está preparado: pais e professores já estão sensíveis a necessidade de parecerem inclusivos, tolerantes, defensores das minorias que sofrem e fiéis defensores de um ambiente seguro para essas minorias.
Keffler: [...] a comunidade trans-ativista é muito agressiva, está suprimindo o debate intencionalmente. [...] continuamos a ouvir “vocês são um grupo de ódio, são homofóbicos, intolerantes, fanáticos religiosos”. Um monte de pessoas tem medo de falar.
Falei na noite passada um professor do ensino fundamental 2 que está muito preocupado. Ele vê crianças em sua sala que estão expressando disforia de gênero. Ele disse “parte meu coração, mas tenho medo de dizer qualquer coisa porque se eu não corroborar, posso perder meu emprego. Poderia ser o próximo professor nos jornais sendo processado.
A supressão ocorre ao rotular de preconceituosos, intolerantes, fanáticos religiosos. Como é um movimento bem financiado e articulado, facilmente consegue silenciar opositores, com táticas que vão desde o constrangimento, passando por perseguição até o assédio judicial. Focam num indivíduo e promovem um massacre: com calúnia e difamação, promovem o assassinato de reputação da pessoa, que pode perder seu emprego, amigos, ter problemas familiares, depressão. Ao destruir uma pessoa ‘ao vivo e a cores’, inibem as demais de se manifestarem.
Trinko: Como ex-professora, não te surpreende que os distritos escolares estejam fazendo isso?
Keffler: Sim e não. Há muito de pressão política e cultural em favor disso. É um negócio, um grande negócio. A comunidade médica, infelizmente, tem uma participação nisso quando se trata de produtos farmacêuticos que estão sendo empurrados.
Postular-se defensor de minorias resulta em grandes dividendos políticos, além de outros ganhos, inclusive financeiros. Atualmente nos EUA, 7% da população identifica-se transgênero. Não é à toa que partidos políticos e parlamentares também são promotores dessa agenda. Esse pequeno público dá a oportunidade obter verbas substanciais para projetos, cargos, propor e votar leis. Também são agentes a indústria farmacêutica, fabricante dos puberty blockers, atualmente prescritos no exterior para crianças cada vez mais jovens. Médicos e terapeutas como endocrinologistas, psiquiatras e psicólogos também são agentes no processo, seja por convicção político-ideológica, por recompensa financeira, ou por ambos.
Clique aqui para acessar a entrevista completa.
***
A situação americana é bem mais grave que a brasileira. Há estados em que os profissionais que preferirem utilizar uma abordagem terapêutica mais prudente no atendimento de seus pacientes adolescentes invés de conduzirem a terapia para a redesignação de gênero (hormônios, mutilação genital), podem ser presos e ter sua licença profissional cassada. Há casos de pais que, denunciados por médicos e assistentes sociais, estão perdendo a guarda dos filhos por não concordarem em submeter sua criança ao tratamento hormonal para retardar a puberdade que mais adiante facilitará a cirurgia de redesignação. Na Inglaterra, ouso dizer que há uma produção de crianças transgênero em série.
A cultura tem um papel fundamental na sua estimulação, que tratarei em outro artigo. Artistas, atletas, celebridades e a indústria do show business estabelecem modelos de maior valor que geralmente são imitados.
Como disse no início do artigo, é uma agenda global. No Brasil, por enquanto está menos avançada, em termos gerais. Porém, não se deve ignorar que em nível local sempre há algum agente fazendo seu trabalho de formiguinha: um coletivo, uma ONG, um professor filiado ao PSOL ou um grupo da UJS atuando nas creches, salas de aula, paróquias, centros comunitários, postos de saúde, bibliotecas etc. Sem identificá-los e catalogá-los é impossível combatê-los.
Dito isso, proponho um exercício:
• Examine sua comunidade atentamente. Constatou algum sinal de presença da agenda?
• Se positivo, descreva brevemente onde, quais métodos empregados e quais agentes. O que estão realmente fazendo?
• Quem na comunidade coopera com os agentes?
• Rastreie há quando tempo o trabalho vem se desenvolvendo e se há conexão a outros grupos (nacionais e internacionais)
• Rastreie as verbas: valores e origem.
• Quantas pessoas perceberam o mesmo que você?
Após concluí-lo, você terá em mãos o panorama de ação e penetração da agenda em sua localidade.
Mãos a obra?
Compartilhe essa página e nos ajdue a divulgar.